“Dos castigos nascem os avisados”, é uma frase popular na Argentina, minha terra natal, e significa que a experiência ensina a evitar as ocasiões perigosas. Este é um dos provérbios mais usados por milhões de pais em momentos de angústia, quando os filhos não obedecem; pois muitos preferem educar a seus filhos com gritos e castigos para assim se assegurarem que compreenderam o que não devem fazer.
Não há nada de errado em corrigir crianças para fazê-las entender que muitas de suas ações podem colocar em perigo suas vidas, já que elas são exploradoras, aventureiras e travessas por natureza. O problema é quando se corrige em público, já que se deixam feridas profundas no coração dessa criança.
Erros que deixam marcas
A maioria de nós, pais, em algum momento nos sentimos abatidos, zangados e decepcionados, quando nossos filhos são desobedientes, birrentos e até cansativos. Quando os seus comportamentos atingem o nosso limite de paciência, é normal que os corrijamos imediatamente, muitas vezes com gritos, estejam onde estiverem, sem nos importarmos com o ambiente.
No entanto, os especialistas asseguram que o ato de gritar com as crianças deixará consequências emocionais que ocasionam graves danos no cérebro e no desenvolvimento neurológico, desencadeando desequilíbrios hormonais difíceis de curar.
Ao gritar com elas, o hormônio que é liberado imediatamente é o cortisol, que é responsável por regular o estresse, permitindo-nos fugir do perigo quando necessário. Portanto, quando o hormônio é constantemente liberado, o dano ao cérebro aumenta.
Algumas sequelas irreparáveis
Um estudo publicado na revista Child Development afirma que a maioria dos pais admite ter gritado e insultado seus filhos quando têm problemas comportamentais. Entendemos que o problema causado pelos gritos é irreversível; no entanto, imagine as graves sequelas quando se faz isso em público.
1 Elas crescem com medo
As crianças são tão sensíveis que, quando os pais gritam constantemente com elas, crescem com medo. Gritar é uma expressão de raiva, portanto, assusta-as e provoca sentimento de insegurança em cada ação que realizam, confundindo-as bastante.
2 Autoestima destruída
Se a correção for feita em um lugar público, na frente de seus amigos ou familiares, é lógico que as crianças serão afetadas gravemente em sua autoestima, perdendo sua confiança, segurança e até mesmo sua própria personalidade.
Se esses gritos vêm junto com insultos, é provável que a criança cresça pensando que é inútil, que não serve para nada, que é insuportável, entre outras coisas; pelo que, ao tornar-se adulto, suas relações serão afetadas e lhe custará muito chegar a conquistar seus objetivos.
3 Mais agressão
Por instinto natural, quando as pessoas são atacadas, inconscientemente se responde da mesma maneira. Ao sentirem-se encurraladas, atacadas e em perigo, as crianças agirão de forma agressiva e violenta como resposta à sua sobrevivência. Quando crescem, é provável que suas relações sejam afetadas pela violência que têm arraigada.
Por favor mãe, corrija-me em privado
Se deseja que seus filhos aprendam as lições e que ajam baseados em valores e princípios que com tanto esforço e dedicação lhes tem ensinado, será melhor corrigi-los em privado. É uma tarefa difícil para os pais quando as emoções explodem; no entanto, é uma atitude que não deixará sequelas.
Como se faz?
- Não perca o controle de suas emoções: respire e pense antes de falar ou agir.
- Evite situações estressantes ou que você sabe que seus filhos não serão capazes de se controlar.
- Explique os porquês, deixe claro que suas ações são inadequadas e que podem prejudicar outros.
- Peça ao seu filho para se expressar livremente, opinar e explicar a razão de seu mau comportamento.
- Leve-o para um lugar tranquilo longe das distrações, para ter certeza de que ele prestou atenção e a lição é compreendida.
- Ensine-o a controlar suas emoções negativas ante a raiva, enfatizando que ele deve ser uma pessoa empática com os que o rodeiam.
O que você pode fazer em público
- Dê os parabéns ao seu filho quando ele tiver alcançado algum objetivo.
- Aplauda seus objetivos.
- Expresse com palavras carinhosas o seu amor.
- Elogie-o tanto quanto você puder.
- Destaque suas boas ações.
- Reforce as lições aprendidas.
- Dê-lhe demonstrações de afeto
- Recompense-o com algo que ele deseja.
Talvez seja um desafio pessoal aprender a controlar nossas emoções para assim poder ensinar os filhos a terem bons comportamentos. Então, antes de “explodir”, respire e pratique algumas dessas técnicas:
- Mude seus pensamentos negativos para positivos.
- Conte até dez antes de agir, o que significa relaxar e respirar fundo.
- Pratique meditação, ouvindo música relaxante.
- Liberte a tensão e a raiva usando outras alternativas que lhe distraiam.
- Lembre-se das virtudes e sucessos de seu filho constantemente.
- Encontre o que há de bom em cada lição ou ação ruim.
Se aprender a controlar suas próprias más emoções, será mais fácil ensinar os seus filhos a controlarem-se. Lembre-se que as crianças são como esponjas que aprendem facilmente imitando as ações dos pais; por isso, procure que suas emoções sejam sempre positivas, que deixem lições de vida e não consequências indesejadas.
Torne-se um bom exemplo para seus filhos! Já que, ao fazê-lo, terá a segurança de lhes dar grandes ferramentas para se tornarem adultos de bem.
Fonte: Familia.com.br