A esclerose é causada por fatores genéticos e ambientais. Entenda se a doença tem cura e como se manifesta.
O que é Esclerose múltipla?
A esclerose múltipla é uma doença autoimune que afeta o cérebro, os nervos ópticos e a medula espinhal (sistema nervoso central). Isso acontece porque o sistema imunológico confunde células saudáveis com "intrusas" e as ataca, provocando lesões. O sistema imune corrói a bainha protetora dos nervos, conhecida como mielina.
Causas
A esclerose múltipla pode ser causada por alguns fatores, como:
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Genética: parentes de pessoas com esclerose múltipla têm maior risco de desenvolver a doença
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Ambiente: a falta de exposição ao sol nos primeiros meses ou anos de vida é um fator ambiental que predispõe o aparecimento de esclerose múltipla
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Vírus: um estudo feito por cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, publicado no periódico Science, sugere que alguns vírus, como o de Epstein-Barr (mononucleose), podem ter relação com a esclerose múltipla
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Hormônios sexuais: há cada vez mais evidências sugerindo que os hormônios, incluindo os sexuais, podem afetar e serem afetados pelo sistema imunológico. Durante a gravidez, os níveis de estrogênio e progesterona são muito elevados, o que pode ajudar a explicar por que as mulheres grávidas com esclerose múltipla geralmente têm menos atividade da doença
Sintomas
Pessoas com esclerose múltipla tendem a apresentar os primeiros sintomas na faixa dos 20 a 40 anos. Alguns podem ir e vir, enquanto outros permanecem.
Não há duas pessoas que apresentem rigorosamente os mesmos sintomas de esclerose múltipla. Isso porque as manifestações irão depender dos nervos que são afetados. No entanto, os sintomas iniciais da esclerose múltipla no geral são:
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Visão turva ou dupla
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Fadiga
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Dormência e formigamentos
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Perda de força
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Falta de equilíbrio
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Espasmos musculares
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Dores crônicas
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Depressão
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Dificuldade cognitivas
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Problemas sexuais
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Incontinência urinária
Diagnóstico
O diagnóstico de esclerose múltipla pode ser difícil, uma vez que é grande a variedade e remissão dos sintomas. Em geral, os primeiros médicos a serem procurados variam de acordo com o sintoma apresentado.
Por isso que apenas após diferentes sintomas o paciente é encaminhado ao neurologista que, com a ajuda de exames complementares, consegue chegar ao diagnóstico. Os critérios para diagnosticar esclerose múltipla são:
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Sintomas e sinais indicando doença cerebral ou da medula espinal
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Evidência de duas ou mais lesões - ou áreas anormais no cérebro - a partir de um exame de ressonância magnética
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Evidência objetiva de doença do cérebro ou da medula espinhal em exame médico
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Dois ou mais episódios com sintomas que dura pelo menos 24 horas e ocorrem em pelo menos um mês de intervalo
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Nenhuma outra explicação para os sintomas
O diagnóstico é basicamente clínico e deve ser complementado por ressonância magnética e pelo exame do líquor. Pode ser, no entanto, que o médico peça vários exames para excluir outras condições que podem ter sinais e sintomas semelhantes:
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Exames de sangue: a análise do exame de sangue pode ajudar a excluir algumas doenças infecciosas ou inflamatórias que têm sintomas semelhantes aos da esclerose múltipla
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Punção lombar: uma pequena quantidade de fluido espinhal (líquor) é enviada para análise laboratorial e testada para identificar anomalias associadas à esclerose múltipla, tais como níveis anormais de células brancas do sangue
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Ressonância magnética: uma ressonância magnética produz imagens detalhadas do cérebro, da medula espinhal e de outras áreas do corpo. Uma ressonância magnética pode revelar lesões relacionadas à inflamação e à perda de mielina no cérebro e na medula espinhal
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Exame de potencial evocado: um teste de potencial evocado pode usar estímulos visuais ou estímulos elétricos aplicados nas pernas ou nos braços e pode ajudar a detectar lesões ou danos aos nervos ópticos, ao tronco cerebral ou à medula espinhal, mesmo quando não há sintomas de danos nos nervos
Tratamento
No Brasil existem diversas opções de tratamento através de cápsula oral diária ou de injeções diárias, semanais e mensais distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como:
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Betainterferona: o medicamento (proteínas) possui propriedades antivirais e retarda o processo da doença. Pode ser administrado via subcutânea ou intramuscular e aplicado diariamente, uma ou três vezes por semana. Pode apresentar efeitos colaterais, como sintomas de gripe
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Acetato de glatirâmer: o medicamento reduz o número de crises da esclerose múltipla e é capaz de bloquear o ataque de seu sistema imunológico na mielina, reduzindo o processo autoimune. Pode ser injetado sob a pele (por via subcutânea) uma vez por dia, todos os dias. Os efeitos colaterais podem incluir dor, vermelhidão e inchaço no local da injeção
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Fingolimode: por ser um medicamento oral, facilita a adesão ao tratamento e oferece melhoria nas principais métricas da esclerose múltipla, como: perda de volume cerebral, atividade da lesão, medida por ressonância magnética, taxas de recidiva (surtos) e progressão da incapacidade
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Natalizumabe: o medicamento natalizumabe é ministrado por infusão intravenosa uma vez a cada quatro semanas. Sua eficácia está no bloqueio da interação entre as moléculas de adesão expressas pelas células inflamatórias e entre as moléculas dos vasos sanguíneos e das células do parênquima cerebral. Dor de cabeça e nas articulações podem ser alguns dos efeitos colaterais
Três novos tratamentos foram recentemente incorporados ao arsenal terapêutico contra a esclerose múltipla. Apesar de aprovados pela ANVISA para uso no Brasil, ainda não estão disponíveis no SUS, mas alguns pacientes já vêm sendo beneficiados com estas medicações no Brasil e no mundo, são elas:
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Teriflunomida: substância vira oral que bloqueia a proliferação de glóbulos brancos causadores da doença
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Fumarato de dimetila: medicamento via oral usado em duas tomadas diárias atuando no sistema molecular de proliferação de glóbulos brancos, diminuindo a neuroinflamação
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Alemtuzumabe: o medicamento feito por via venosa trata-se de um anticorpo monoclonal que combate as células autorreativas que atacam o próprio sistema central, sendo cinco infusões em cinco dias consecutivos no primeiro ciclo. Um segundo ciclo de três doses é feito após um ano.
Estratégias para tratar sintomas
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Fisioterapia: um profissional pode ensinar alongamento e fortalecimento muscular, além de mostrar como usar dispositivos que podem tornar a execução de tarefas mais fácil
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Relaxantes musculares: na esclerose múltipla podem ocorrer rigidez muscular dolorosa e espasmos incontroláveis, particularmente nas pernas. Relaxantes musculares podem melhorar esses sintomas. Em alguns casos, a toxina botulínica pode auxiliar
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Medicamentos para reduzir a fadiga: medicamentos como a amantadina podem ajudar a reduzir a fadiga devido à esclerose múltipla. Muitas vezes estratégias não farmacológicas podem ser bastante úteis para diminuir a fadiga
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Outros medicamentos: podem ser prescritos tratamentos medicamentosos para depressão, dor e controle da bexiga ou intestino que podem estar associados com a esclerose múltipla
Esclerose múltipla tem cura?
A esclerose múltipla não tem cura, mas pode ser controlada. O tratamento geralmente se concentra em manejar as crises, controlar os sintomas e reduzir a progressão da doença.
Fonte: MinhaVida